À volta do Museu Ferroviário de Ruse

Há anos fui visitar o Museu Ferroviário de Ruse, Bulgária.

Junto apresento três fotos, que são testemunho de várias épocas.

comboio museu 1
Foto do primeiro comboio que circulou, entre Ruse e Varna, em 1866. Foi a primeira linha de comboios da Bulgária.

O Danúbio sempre foi uma importante via de comunicação da Europa Central. Alemães, austríacos, checos, eslovacos, húngaros, sérvios, búlgaros, romenos, todos trocam mercadorias através desta grande via. O problema é a comunicação com o mar. O Danúbio desagua no Mar Negro através de um delta, com vários canais não muito fundos e em constante mudança. As mercadorias tinham que ser transferidas para barcos mais pequenos, passar o delta e novamente para barcos maiores no grande porto de Varna, no Mar Negro.

Nesta altura, o Império Otomano, que já tinha estado às portas de Viena, definhava lentamente. A fronteira estava no Danúbio. Vários jovens em cargos importantes procuravam revitalizar o decrépito império. O principal deles e  fundador dos Jovens Otomanos era o governador da Província do Danúbio, onde se incluía Ruse (na altura Rusçuk), Mithat Pasha. Defendia um regime constitucional, direitos iguais para muçulmanos e cristãos, educação, incentivos ao crescimento, etc. Com o falhanço dos jovens Otomanos na reforma do Império, acabou morto.

Midhat Pasha
Mithat Pasha

Mandou construir um caminho de ferro entre Ruse, grande porto do Danúbio, e Varna, grande porto do Mar Negro, a cerca de 200 km de distância. A primeira foto é do comboio que aí circulou pela primeira vez em 1866. Assim, as mercadorias eram transferidas mais facilmente para o porto de Varna.

No entanto, nem tudo são rosas. Para construir a linha, foi usada muita pedra, entre ela de ruínas monumentais. Quando fui visitar as ruínas da primeira capital búlgara, Pliska, fundada no fim do século VII, fiquei muito admirado.

PliskaBasilikaOlhando para a basílica, aqui representada na altura da escavação, vemos que foi cortada ao nível do chão. Não tem colunas caídas, paredes meio arruinadas, como se vê noutros lugares. Tudo cortado rente, e as pedras desapareceram.

comboio museu 2Foto da carruagem de onde o marechal russo Fiodor Tolbukhin comandou o exército soviético que ocupou a Bulgária no fim da II Guerra Mundial. A Bulgária tinha alinhado com os alemães na II Guerra. O rei da altura Boris III, era um pacifista e procurou manter-se neutro. No entanto, a ameaça dos exércitos nazis na fronteira da Roménia obrigou-o a entrar na guerra ao lado dos alemães. Mesmo assim, recusava-se a deportar os judeus. Morreu misteriosamente 15 dias depois de uma entrevista com Hitler.

comboio museu 3Foto da carruagem do Rei Ferdinand I, pai do Boris III e avô do atual pretendente ao trono búlgaro (Simeon), em 1894. Este Ferdinand era sobrinho de Fernando II de Portugal, casado com D. Maria II, e que deixou obra como o Palácio da Pena, em Sintra. Como a Bulgária tinha sido ocupada durante 500 anos pelo Império Otomano, não tinha nobreza búlgara. Depois da independência, importaram nobres alemães para serem reis, primeiro os Battemberg, depois os Saxe-Coburg Gotha.

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